terça-feira, 6 de setembro de 2011

Ser mulher em tempos de mudança


“Cada mulher carrega dentro de si uma loba selvagem; bela, feminina e
ardente; ainda que escondida ou disfarçada sob os mais diferentes
papéis que ela representa. Em torno desse ser indomável o universo
conspira”. Todavia, essa enigmática criatura é algo muito maior que
simplesmente instintos, pois carrega também dentro de si, uma
inigualável capacidade de integração com o todo que lhe rodeia. Uma
percepção que transcende o intrínseco lado selvagem dos humanos, e lhe
permite captar informações muito além dos sentidos convencionais.
Desde os primórdios, seu sexto sentido é aclamado como um dom natural,
convencionado como espiritualidade; e esse poder a transformou ao
longo do tempo, em sacerdotisa do universo para muitos povos.
O instinto é o apelo da natureza em todos os animais para a
continuidade da espécie. Para isso, é imperativo o completar-se no
outro. Na verdade, fundir-se no outro; e assim adentrar o eterno. Na
artimanha da sedução, o poder avassalador de todos os sentidos a
produzir atração com o único propósito desse perpetuar-se no tempo.
Dentro de cada ser, 'anjos e demônios a executar um balé de magníficas
proporções, a transformar energia em desejo, prazer e fantasias', para
produzir o espetáculo da própria vida. No encontro dos opostos, a
essência do dualismo para integrar o todo na incrível magia que
resulta da complementaridade.
A espiritualidade resulta da evolução da sensibilidade. A capacidade
que qualquer criatura pode desenvolver a partir da interação com o
todo que lhe cerca. Uma habilidade ao alcance de todos, mas
desenvolvida por poucos, em decorrência do apego à materialidade, que
transfere falsa segurança. E por conta da insegurança, muitos ignoram
o milagre da complementaridade para a construção de pontes, formada
pelo elo invisível, cuja energia chamamos de 'amor', e torna a
individualidade algo infinitamente maior.
A mulher sempre foi vista como algo divino. A mitologia grega está
repleta de contos e lendas que a pintavam como uma ninfa; deusa da
luxúria, personificando ao mesmo tempo, por meio da beleza e
sensualidade todo poder de fecundação da natureza. "Não há nada de
sobrenatural, fantasmagórico ou mágico no mundo à sua volta; tudo é
apenas o prodígio da própria vida, se revelando a cada minuto, numa
seqüência espetacular, em todas as direções para onde você voltar seus
olhos". Essa divindade não pereceu com o tempo; pelo contrário,
ganhou contornos de algo terreno, acessível. A deusa habitou entre
nós, e tornou-se humana; 'tangívelmente' humana. E ao penetrar a
realidade, essa diva dos tempos modernos passa a vivenciar a dor de
ser humano. Descobre que ser humano significa lutar pela própria
sobrevivência de uma forma feroz, numa luta sangrenta de igual para
igual com maquiavélicos e ardilosos guerreiros, seus antigos e
pacíficos adoradores. Diante do desafio ao qual se expôs, a ninfa
agora veste-se de loba, e a loba está só. Gradualmente, vai deixando a
mansidão de serenos riachos para embrenhar-se por densas florestas,
habitadas por desconhecidas criaturas. Faminta, desorientada mas,
destemida, ela segue seu mais precioso instinto, a intuição, e percebe
que seu faro a levará de volta à planície que a fará sentir-se segura.
E essa capacidade extra sensorial, sob a forma de sensibilidade será
sua bússola. Não há nada a temer. Seus adversários não entendem disso,
pois 'jogam' com armas alimentadas exclusivamente pelo poder da
força, e de uma mente simuladora e ludibriadora, que se perde confusa
entre os flashes de ilusão e realidade que criou e não consegue
distinguir.
Há uma nova mulher, que percebe que sua realização não consiste no
enfrentamento, mas no uso de sua potencialidade maior: essa
sensibilidade. Sabe que não poderá vencer pelo uso da força ou de uma
mente astuta. Nesse quesito seu competidor leva milhares de anos de
vantagem. O adversário é o rei da camuflagem, da enganação e do
engodo. Por isso, o maior trunfo residirá na sua capacidade de
sublimar toda poderosa energia que carrega. “Na força invisível de
uma mulher, o poder de atração capaz de seduzir todas as feras da
terra, e transformá-las em dóceis fecundadoras de um planeta marcado
pela dualidade, onde a vida é gerada a partir do indispensável
complemento dos opostos”, lembra-me 'O Mentor Virtual'. - Ao dar-se
conta de sua verdadeira força, algumas, no entanto, cometem o equívoco
de concentrar seu esforço unicamente na aparência como forma de
produzir essa 'sedução', esquecendo que esse poder nasce
exclusivamente do amor; algo que flui interiormente, e permeia
posturas e atitudes; não apenas aparências. "O que te torna especial
não é apenas a pele viçosa que revelas, as formas arredondadas que te
mapeiam, ou a crina sensual que te orna. O que te faz a deusa de todos
os homens é a suavidade de cada gesto que esboças, a força poderosa
que carregas no olhar e a doce magia do teu coração",
Para iniciar esse processo de libertação, é preciso retirar todas as
máscaras. Desnudar-se por completo da hipocrisia e do comodismo para
identificar aquilo que de mais sagrado você carrega. Não acompanhar a
mesmice de 'maria vai com as outras'. É hora de abandonar a 'boiada',
ou melhor, a alcatéia. Ser você mesma, e encarar o momento atual não
como algo desesperador, mas como uma oportunidade imensurável para
magníficas transformações. "Você é o centro do universo, e só a você
cabe proceder suas próprias escolhas. Basta que potencialize seus
dons. Desperte a poderosa força interior que carrega dentro de si
mesmo e acredite no que faz. Sem medo, e sem falsos pudores, deixe seu
brilho permear o mundo à sua volta, e ele irá girar em torno de
você."Em alguns momentos irá sentir-se perdida e desorientada, isso é
normal. Em sua viagem através dos tempos, é natural que a alma se
perca em busca daquilo que a fascina. Nem sempre é possível
compreende-la, mas essa é única forma de permitir que ela encontre sua
realização. Afinal, viver é um contínuo se perder e se encontrar.
É decisivo enfrentar o medo; entendê-lo como uma simples atitude de
defesa frente ao desconhecido. Na maioria das vezes, tudo não passa de
fantasmas criados pela mente. Para essa ninfa-loba em tempos de
mudanças radicais, "é decisivo abandoar inúteis paradigmas.
Descobrir-se! Quebrar velhos e imprestáveis tabus. Transgredir! Romper
com todas as regras obsoletas. Ousar! Afinal, você nasceu para
brilhar. Reinvente-se! - Não há tempo a perder. A vida é um pulsar
contínuo e irreversível; desperte para ela agora". Entenda que para
alcançar a felicidade, é imprescindível antes de tudo aceitá-la.
Aceitando-se. Para tanto, sugiro que repreenda com determinação toda
postura ou simples pensamento que demonstre falsidade, expulse o mau
humor, e exorcize qualquer energia negativa que permeia suas atitudes.
Não permita que o ciúme corroa suas veias; em seu lugar deixe fluir a
gratidão, a esperança e a compreensão; Esses serão eternamente os
verdadeiros atributos de uma 'deusa'. Por último, mas não menos
importante, "Não busque a felicidade em uma estação distante. A vida
está acontecendo agora, dentro de você. Escute-a em cada simples
palavra que vem do coração. Externe-a em cada olhar ou sorriso e verá
essa energia se propagar de forma extraordinária".
Os tempos atuais não são melhores nem piores. São velozes. Portanto,
são para aqueles que se dispuserem a ser mais ágeis. Oferecem
simultaneamente desafios e oportunidades. Tudo depende da forma como
você queira ver. Lembre-se: "No centro do universo está você. No
centro de você, todo o universo. Aquilo que você decidir, assim será".
Aposte nisso.

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